Entrevistas

Por Femme Metal                           04 de outubro de 2010

Originalmente formada em 1997 e revitalizada com uma nova formação em 2006, a Brasileira Raveland, desde então vem fazendo um progresso co nstante rumo ao palco Mundial da atmosfera gótica/metal que mistura uma linha contemporânea com influência de bandas da decáda de 80. Já estam trabalhando no próximo álbum, e com a impressionante "... And A Crow Brings Me Back", lançado no ano passado e deve estar disponível por aqui em outubro, Femme Metal tirou um tempinho para conversar com a vocalista Camilla Raven para saber mais sobre a banda , a música, e o que o futuro reserva até 2011.

Oi Camilla, e uma recepção calorosa de todos na Femme Metal. Como está São Paulo hoje?

Camilla: Obrigada! São Paulo está com um clima louco como sempre, seca, quente como o inferno e, de repente frio. (Risos) Agora, bastante quente. (Risos)

E sobre você? Como você começou na música e que caminho te levou a ingressar Ravenland?

Camilla: Música sempre teve um papel importante na minha vida. Aos 12 anos, eu tocava em bandas de amigos, até que eu finalmente comecei a minha própria, que era o Thiphareth. Eu conheci Dewindson quando ele se juntou a minha banda como baixista. Até então, ele já tinha formado Ravenland. Aos 15 anos, comecei a estudar o violino e, como sempre usei o teclado para escrever. Como eu sou de Fortaleza, Nordeste do Brasil e Dewindson é de Brasília, ele decidiu se mudar para São Paulo a fim de lutar pela Ravenland.

A banda é conhecida no Brasil, mas relativamente novo para os ouvidos europeus. Você poderia nos contar alguma coisa da banda, seu hitórico e de seus companheiros?

Camilla: Sim, estamos entrando agora no mercado europeu, mas tivemos um bom feedback dos fãs de todo o mundo durante bastante tempo. Nosso registro está sendo distribuído pela Ravenheart Music através da PlasticHead/Code7, que foi uma grande conquista. Nossa canção ", Soulmoon", tem tocado nas rádios européias e asiáticas a alguns anos e também foi destaque em uma estação japonesa, a Transamix, saindo como uma coletânea da mesma. Estou contente de saber que o nosso CD chegou tão longe, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Ravenland foi inspirado na figura mística do corvo, reforçada pelo poema The Raven (Poe), o filme O Corvo (com Brandon Lee) ea canção "Ravenland" (Lake of Tears). Cada membro da banda tem uma influencia musical diferente, que combinados tormam o nosso som muito característico. Nós somos uma família e eu admiro cada um deles.João Cruz, o baixista,é um compositor formado em musica, Fernando Tropz (baterista) e Oliver Banes (guitarrista) são ambos professores de música. Dewindson estudou canto em um conservatório. Nós trabalhamos muito bem juntos.

O "... And A Crow Brings Me Back" foi lançado no Brasil em 2009. Qual tem sido a reação e como tem a banda evoluido nesse tempo desde o seu lançamento?

Camilla: Apesar de ter sido lançado em 2009, foi gravado em 2007. A reação não poderia ser melhor, tanto por parte do público como da imprensa. Ele nos trouxe muitas conquistas e muita experiência. Nós evoluímos muito e esperamos mostrar isso no álbum que estamos trabalhando agora. Estamos procurando uma gravadora para lançá-lo em outros países. Recebemos muitos elogios pelo "... And A Crow Brings Me Back" e esperamos que o novo álbum seja ainda mais aclamado. Todos os comentários foram positivos, as revistas e sites nos deram notas bem elevadas. Nossa capa entrou numa lista dos dez melhores de 2009 ea banda foi considerada uma revelação desse mesmo ano.

O álbum contou com colaborações de Tommy Lindal (ex Theatre of Tragedy) e Ricardo Confessori (Angra). Como isso aconteceu e como foi trabalhar com eles?

Camilla: Tommy nos foi apresentado por um amigo e nós o convidamos imediatamente. Ele está morando no Brasil há algum tempo depois de deixar o Theatre of Tragedy. Eu tive a idéia de convidá-lo depois que ele elogiou uma de nossas músicas. Ele colocou um toque do TOT em duas de nossas músicas, oque foi maravilhoso. Quanto à Confessori, ele foi o nosso produtor. Logo após a pré-produção do álbum nosso baterista teve ferimentos no joelho e deixou a banda, então Confessori se ofereceu para gravar as faixas de bateria, por isso não teriamos que nos apressar na busca de um novo membro. Ele apareceu no momento certo.

Seguindo o mesmo tema, vocês abriram parar o Theatre of Tragedy e fizeram uma participação com Moonspell. Qual foi a sensação de tocar com essas bandas?

Camilla: Foi uma sensação única. Nós acompanhamo estas bandas desde o início. Esses são os momentos que desejamos viver pelo resto de nossas vidas. Pode ser sido pelo próprio show, pela energia do público ou mesmo o fato de estarmos ao lado das pessoas que admiramos

Continuando, quem você gostaria que colaborasse com futuros lançamentos?E se você pudesse escolher qualquer banda para fazer um show com a Ravenland , quem seria e por quê?

Camilla: Hum, há tantos que gostaríamos. Pedro Paixão, o tecladista do Moonspell , concordou em estar no nosso próximo álbum, o que é ótimo. Eu adorei tocar com o TOT e com Anneke van Giersbergen e Danny Cavanagh. Eu gostaria de tocar com Lacuna Coil, Evanescence, Katatonia, Paradise Lost, The Gathering e talvez algumas escolhas diferentes, como Portishead, Bjork, The Cranberries, U2 e Emilie Autumn.

"... And A Crow Brings Me Back" contém um vídeo da música "End of Light" que aparentater sido filmado em uma ruína. O que você pode nos dizer sobre o local, as gravações e da música em si?

Camilla: Nós gravamos o vídeo em um local famoso em São Paulo. Um pequeno castelo que guarda uma história de amor e morte, que pareciam combinar com a tematica da música. Em 1930, o castelo foi o local de um crime que ainda permanece sem resposta. O video clip ainda está passando na MTV aqui no Brasil. O castelo esta sendo ocupado hoje por uma ONG chamada “Mães do Brasil”. Eles ensinam trabalhos manuais para pessoas de baixa renda, a fim de aumentar a sua qualidade de vida.

As faixas de "... And A Crow Brings Me Back" são associadas a uma imagem que reflete tanto a mitologia por trás do nome da banda quanto ao título do álbum. Como isso ajudou a escrever o álbum?E há um enredo ou tema oculto que é executado através das canções?

Camilla: É inspirador, com certeza. Especialmente quando as letras são histórias, mas alguns delas são sentimentos pessoais submerso em metáforas. Chamando o álbum de "... And A Crow Brings Me Back" reflete o fato de que a banda vinha de um hiato que durou três anos.

Falando de histórias, vejo que você le muito. Qual é o seu livro favorito, e se lhe pedissem para escrever um álbum baseado em um único livro, qual você escolheria e por quê?

Camilla: Eu leio muito, de fato. Livros de amor, ainda mais do que os filmes porque eu gosto de formar as histórias e seus personagens na minha cabeça. Eu tenho um monte de favoritos. " Morro dos Ventos Uivantes" (Emily Bronte) realmente me tocou. Então outra vez o mesmo que fizeram "Pequeno Príncipe", "O Retrato de Dorian Gray", "Alice's Adventures in Wonderland" (Lewis Carroll), "Veronika Decide Morrer" (Paulo Coelho), "As Brumas de Avalon" (Marion Zimmer Bradley) , "O Mundo de Sofia" (Jostein Gaarder), "Uma Casa na Escuridão" (José Luis Peixoto), "Noite na Taverna" (Álvares de Azevedo), "Curinga's Day" (Jostein Gaarder), "O Xangô de Baker Street" (Jô Soares), "O Anticristo" (Friedrich Nietzsche). Eles todos se transformam em grandes lançamentos, cada um na sua maneira muito própria. Eu escolheria " Morro dos Ventos Uivantes ", poemas de Florbela Espanca, ou "O Retrato de Dorian Gray".

Existem algumas influências interessante correndo pelas musicas do Ravenland que sugerem alguns gostos amplos dentro da banda. Quais bandas, até agora, os influenciou mais e se você tivesse de recomendar um álbum atual - além do seu ;) - a um amigo ou fã, qual seria e porquê?

Camilla: O gosto é muito amplo entre os membros da banda. Fomos influenciados por muitas bandas e também por diferentes formas de arte. Eu deveria citar as bandas que influenciaram a formação do Ravenland: Moonspell, Type O Negative e Paradise Lost. Eu sempre gostei de The Gathering, além de alguns nomes de outros gêneros, como Portishead e The Cranberries. Eu recomendo "If Then Else" (The Gathering).

Você não só canta na RavenLand como também toca violino e teclado. Podemos conhecer um Strat quando vemos, mas talvez não um Stradivarius. Você pode nos falar um pouco mais sobre o equipamento que você usa e se você tem planos para expandir a quantidade de instrumentos que você toca ?

Camilla: Eu comecei aprendendo a tocar violão, depois a Guitarra, e sempre quis aprender a tocar bateria. Quanto ao teclado aprendi a tocar sozinha, e o usei para escrever as canções. O Violino eu toquei em uma orquestra, e toquei um pouco no álbum. Eu comecei com um Eagle e passei para um elétrico , feito por um 'luthier'. Mas a minha maior paixão é cantar e compor. É assim que me sinto em casa.

Qual show você diria que foi o mais agradável que a RavenLand já fez até hoje, e porque você acha que ele se destacou ?

Camilla: Acredito que o show com a TOT foi incrível. O publico foi inesquecível. Fora esse, outros como o acústico com Anneke
Você tem planos para relançar os EPs ''Back'' e ''Black'' para um publico maior, ou
você está satisfeita em deixá-los no passado e prosseguir?
Camilla: Atualmente não temos planos para relançá-los, talvez um dia... Estamos super ansiosos para mostrar as nossas musicas novas. Agora eu estou respirando o novo álbum.(risos)

Eu li que você espera fazer uma tour pela Europa e Uk no fim desse ano. Há alguma cidade em especial que você deseja tocar quando fizer a tour por aqui?

Camilla: Atualmente, nós adiamos a tour para o ano que vem, para que possamos mostrar o material novo. Nos temos um maneger tour em toda Europa agendando datas. Esperamos poder dar o melhor de nós ai, ir ao Maximo de cidades possível. Os países que já confirmamos são: Portugal, Espanha e Inglaterra, mas queremos mais.

Um corvo te trouxe até aqui - Aonde ele vai levá-la depois ? Que planos você e a banda tem para o resto de 2010 e em 2011 ?

Camilla: Nós estamos trabalhando no estúdio, em um álbum que ainda será nomeado, um novo alguém que esperamos lançar no primeiro trimestre do ano que vem, e esperamos que ele vá mais longe que o anterior. Há também planos para um novo vídeo clipe e para a Tour Européia. Esses são os nossos objetivos.

Obrigado por falar conosco Camila.Há algum assunto que não falamos e você gostaria de acrescentar, a respeito de você ou da banda ?

Camilla: Eu gostaria de agradecer o amor e o apoio que recebemos através da nossa pagina no MySpace. Peço que vocês continuem acessando porque nos teremos novidades em breve. Também nos sigam no twitter.Obrigada Femme Metal. Abraços e beijos.

Fonte: Femme Metal

by: Jeffrey Dead & Barbara Mello




Por Winny Pazi(Errana)                    08 de setembro de 2010

01. Como foi escolhido o nome do CD “...and a crow brings me back”?
Camilla Raven – Eu tive essa ideia, pois é uma maneira de expressar o retorno da RavenLand depois de um hiato de 3 anos.


02. Como funcionou a participação de Ricardo Confessori (Shaman e ex-Angra), que além de produzir participou como baterista do disco?
Camilla Raven – Ele ficou interessado em nos produzir, depois, quando iniciamos a pré-produção do álbum, o nosso ex-baterista descobriu que estava com um problema no joelho e que não poderia mais tocar. Então o Confessori quis gravar para podermos escolher com mais calma o novo integrante.


03. E a participação de guitarrista norueguês Tommy Lindal, ex-Theatre of Tragedy, como se deu?
Camilla Raven – Ele nos foi apresentado através de um amigo e surgiu uma amizade. Tive a ideia de convidá-lo para participar depois de ter ouvido elogios da parte dele sobre a nossa música. E se tornou uma grande parceria de amizade. Ele colocou o toque de TOT antigo em duas músicas e foi uma honra para nós.


04- Conte um pouco sobre o clipe “End of Light”, que esta inclusive, rolando na MTV Brasil. De onde surgiu a ideia de gravar num castelo, de quem foi a idéia do clipe?
Camilla Raven - Dewindson sempre que passava por esse local, falava que ainda iriamos gravar um clipe ali e foi dito e feito. (risos) Fizemos uma parceria com a ONG que funciona no lugar para apoiar o projeto e eles cederam o lugar para gravarmos o clipe. Combinava perfeitamente com a End of Light, até pela história que o castelinho guarda. Uma história de amor e morte, com um crime até hoje não desvendado. O roteiro foi do nosso amigo e produtor do clipe Luiz Amorim.


05- Como tem sido a recepção de “...and a crow brings me back” pelos fãs?
Camilla Raven – Acredito que foi tudo muito positivo. A vendagem foi boa, a resposta dos fãs também. E acredito que vão gostar ainda mais do nosso novo álbum que estamos planejando lançar no inicio do ano que vem. Com o “...and a crow...” tivemos muitas conquistas e estamos colhendo frutos agora, principalmente no exterior.


06- Quando e como começou a banda? De onde surgiu o nome da banda?
Camilla Raven – O nome foi ideia do Dewindson, sempre foi fã de Poe, que escreveu o poema O Corvo, o filme O Corvo com Brandon Lee e Lake of Tears que tem uma música chamada Raven Land. A banda teve inicio em 96/97 a partir das ideias de Dewindson que procurou pessoas que partilhavam os mesmos ideais.


07- Qual a maior inspiração da Ravenland na hora de compor as musicas?
Camilla Raven – Nós mesmos. É uma junção de tudo que acompanhamos até agora, livros, músicas, vida pessoal, fantasia, etc. É a nossa essência musicada.


08- Vocês, como muitas bandas, já passaram por dificuldades, conte quando foi e qual foi uma das piores situações que a banda já passou.
Camilla Raven - Teve algumas. (risos) Mas o que mais marcou foi um show agendado em Paranapiacaba que quando chegamos lá, depois de muita névoa, encontramos o lugar e não havia evento nenhum. Infelizmente, ainda estávamos no inicio de carreira em São Paulo e não fizemos contrato. Ficamos sem show, sem cachê e ainda tivemos de pagar o serviço da van que nos levou.


09- Qual o momento mais importante para a banda?
Camilla Raven – Acredito que foi quando estávamos com o nosso álbum “...and a crow brings me back” em mãos. Fruto de trabalho e esforço. Apesar que posso citar vários momentos especiais, que também foram importantes como assistir o nosso clipe na MTV, tocar com bandas e artistas como Theatre of Tragedy, Anneke van Giersbergen, Danny Cavanagh, entre outros.


10- Qual o melhor show que a Ravenland já fez, e porque?
Camilla Raven – Na minha opinião, foi o show que fizemos com o Theatre of Tragedy. Foi um grande momento para nós, uma grande energia. Montamos o palco com a nossa identidade, toda a arte do nosso álbum estava lá espalhada pelo palco entre pano de fundo e laterais. O público reagiu ao show com muita energia e uma boa resposta. Foi inesquecível. Além de ver os integrantes do TOT curtindo o show ao lado do palco, nos elogiaram e disseram que já viam a RavenLand em revistas na europa.


11- Na visão de vocês, como esta atualmente a cena independente no Brasil?
Camilla Raven – A cena independente precisa de mais apoio, mas a mídia especializada tenta manter a chama acesa como pode. O maior problema é o acesso a midia aberta mesmo, mas acredito que seja uma questão cultural, infelizmente.


12- O que você está cansada de ver na cena do Metal hoje em dia?
Camilla Raven – Hum. Talvez a maior valorização de bandas estrangeiras. A RavenLand teve uma boa resposta no Brasil, mas não só para a gente e sim para todos, o nosso metal nacional poderia ser mais valorizado pelo público.


13- Quais os projetos para o futuro?
Camilla Raven – Estamos trabalhando o novo álbum, está tudo bem avançado, mas a previsão de lançamento é para Fevereiro/2011. Estamos trabalhando com calma, escrevendo as partituras, trabalhando arranjos, backings, etc. Aprendemos muito com a gravação do “...and a crow brings me back” o que facilita muito agora. Fora isso, continuamos planejando a tour europeia, agora para o próximo ano, para já irmos com o novo material, as datas já estão sendo fechadas.


14- O que vocês diriam para as bandas que estão começando agora?
Camilla Raven – Simplesmente para acreditar na própria música e trabalhar duro. Ninguém disse que é fácil.



15- Uma mensagem para os fãs.
Camilla Raven – Eu só quero agradecer a todos que nos acompanham, agradecer todo o carinho, as mensagens que nos enviam. E dizer que quero vê-los todos nos shows.

Fonte: Cultura em Peso






ENTREVISTA - Ravenland: "nas asas do corvo" (por "Roça In Roll ")                                  30 de maio de 2010
Para muitos, o Brasil é o país do samba e do axé, pois o clima tropical contribui para esses estilos musicais. Mas, entre a penumbra noturna e o escaldante sol do nordeste nasce o Raveland. A banda é referência nacional em Doom Metal e aporta na 12ª expedição do Roça ‘n’ Roll divulgando o álbum "...and a crow brings me back”. O grupo é formado por Wolfheart (Vocal), Camilla Raven (Vocal/Violino), Albanes (Guitarras), João Cruz (Baixo/Teclados), Rafael Fermann (Teclados) e Fernando Tropeço (Bateria). Os vocalistas Camilla Raven e Dewindson Wolfheart falam mais sobre o Raveland.
                                                                                             
1 - O Ravenland é considerado um dos maiores representantes do gothic metal do Brasil. Acredita que esse estilo tem a devida aceitação na cena metálica nacional?
Camilla Raven – Toda a cena passa por dificuldades até por uma questão cultural do nosso país. Mas temos muitas bandas boas no Brasil tentando mudar isso e vemos cada vez mais bandas daqui fazendo turnês em outros paises. Estamos tendo uma resposta bem positiva no Brasil, não temos o que reclamar, mas, o estilo ainda tem muito a crescer por aqui e há ainda uma valorização maior do que vem de fora, não só falando de Gothic Metal, mas no geral.
2 - O doom e gothic metal é um estilo recheado de ambientações instrumentais e inspiração poética. Essa característica também se aplica ao Ravenland?
Dewindson Wolfheart – Sim, a Ravenland liricamente possui alguma inspiração poética entre Álvares de Azevedo, Fernando Pessoa, José Luis Peixoto e Edgar Allan Poe. Musicalmente temos algumas ambientações, não para deixar a música parada como em ambient music, mas sim para dar um clima mais próximo do que desejamos passar, mesclando isso a uma atmosfera mais gótica e ao peso do Doom, assim juntamos esses elementos com a energia do metal. Parece até um experimento químico, (risos) mas é isso.
3 - Ravenland! Algo como “Terra do Corvo”. Qual a significação do nome e por que foi este o escolhido?
Dewindson Wolfheart - Sempre fui muito fã de Edgar Alan Poe, principalmente do seu poema “The Raven”, o filme “O Corvo” de James O Brian me inspirou muito também, mas após conhecer a música “Raven Land” do grupo sueco Lake of Tears, foi que realmente escolhi este nome para a banda. Além do mais, o corvo é o ser vivo mais gótico que existe. Talvez o escaravelho também o seja. Mas existe toda esta mística ancestral sobre o corvo e que ele seria o único ser capaz de transitar entre o mundo dos mortos e o dos vivos, isso inspira muita poesia.
 4 - O grupo possui 13 anos de estrada e tem no currículo dois álbuns “After the sun hides" (2001) e "...and a crow brings me back” (2009) e vários singles. Vocês se consideram vencedores em relação a toda dificuldade e empecilhos que rodam a música underground no país?
Camilla Raven – Sim, assim como todas as bandas da cena o são. As bandas underground sentem as dificuldades, mas estamos aqui para superá-las, ninguém disse que seria fácil. Correr atrás do que se quer, gravar um álbum e tentar divulgar tudo mesmo não sendo algo popular no Brasil. Mas, diferente de como era antigamente onde a comunicação era por carta e a Ravenland divulgava uma K7, hoje temos a internet, mesmo com a onda de downloads que também prejudica, é mais fácil divulgar a banda.
5 - É notável a preocupação do Ravenland com a questão visual, o que reflete na indumentária dos músicos e nas artes dos CDs e site.  Acha que o “visual” é um ponto importante a ser considerado pelos grupos de metal em geral?
Dewindson Wolfheart – Acho que o visual não é algo a ser considerado importante pelos grupos de metal em geral, mas no nosso estilo isso faz uma grande diferença. Não só em nosso visual e arte do CD, mas no cenário de palco também estamos tentando levar a todos os shows a estrutura visual do disco, são imagens que complementam toda atmosfera da nossa música tentando tornar o show realmente um espetáculo, infelizmente ainda não possuímos a iluminação que desejamos, mas em breve esperamos conseguir isso...
6 - A banda participou de um tributo do Rotting Christ que, na minha opinião, é uma das bandas mais expressivas de black metal. Como foi prestar essa homenagem a essa lenda grega do mundo metálico?
Dewindson Wolfheart – Também considero o Rotting Christ uma das melhores bandas de black metal que existe, sou admirador deles desde o álbum “No servian” e “Triarchy of the lost lovers” apesar de gostar de toda a sua discografia, mas foi em “Dead Poem” que eles me conquistaram de verdade. Quando recebemos o convite para participar em 2002 de uma coletânea em CD tributo ao Rotting Christ com vários outros grandes nomes do cenário nacional, topei na hora, melhor ainda quando pude escolher uma das melhores músicas para gravar, “Among two Storms” do “Dead poem”. Foi legal participar desta coletânea, fizemos algo bem gótico nela que destoamos de todas as bandas do disco qual 90% cantava gutural, isso nos deu um certo destaque e esta nossa versão tocou em várias rádios rock por vários meses seguidos. O CD teve distribuição pela gravadora Century Media. Foi realmente uma honra fazer parte desta grande homenagem a estes gregos!
7 - O Brasil é referência mundial em metal, principalmente em death metal. Como os fãs internacionais do Ravenland vêem o gothic metal em nosso país?
Camilla Raven – Não só os fãs, como algumas mídias internacionais nos enviam mensagens comentando que não sabiam da existência de bandas desse estilo aqui no Brasil, talvez por ser um país tropical, não sei.
 Dewindson – É realmente estranho, pois não somos a primeira banda de gothic metal do nosso país, mas muitos afirmam que não conheciam nada desse estilo vindo daqui. No Japão, por exemplo, o locutor do programa Transarock disse que estava acostumado a receber pedidos de Sepultura, Angra e outras bandas de metal melódico brasileiras, mas agora recebe pedidos para tocar Ravenland, a mesma coisa aconteceu na Polônia, Alemanha e Portugal. Estados Unidos também muitos fãs afirmam que não conheciam uma banda de gothic metal aqui no Brasil, eu falo para eles que a cena realmente é pequena, mas existem bandas muito boas, daí mostro alguns links de outras bandas para eles.
8 - Alguns anos atrás existiam várias bandas de doom/gothic em atividade no Brasil, mas hoje, a cena é bem restrita a esse estilo. No mundo, acontece ao contrário, pois houve uma explosão gótica na Europa. Por que esse estilo não teve uma ascensão significativa em terras tupiniquins?
Camilla Raven – Pelo o que eu acompanhei, muitas bandas surgiam, lançavam um álbum e sumiam. Acho que isso fez com que o estilo perdesse credibilidade no Brasil. Mas temos uma proposta diferente, queríamos fugir um pouco dos elementos clichês. Temos fãs não só do Gothic Metal, mas do metal e Rock em geral. E estamos ansiosos para mostrar as músicas novas.
 Dewindson – Nossa cena tem ótimas bandas e talentosas, talvez a cena tenha se saturado aqui em nosso país antes mesmo de crescer devido a todas as dificuldades que existem no underground. O lance de manter uma formação estabilizada é um deles, nós mesmos passamos por isso, muitas conseguiram lançar um álbum, mas depois vieram as dificuldades de se manter a mesma formação, os mesmos ideais e, principalmente, a dificuldade de se divulgar o disco ou até mesmo de amadurecer musicalmente para o próximo disco, mostrar identidade... Lá fora a cena teve uma evolução, se você acompanhar o trabalho de bandas como Paradise Lost, Moonspell, Tiamat, Lacuna Coil durante todos estes anos você observará que eles não ficaram se clonando, ao contrário, criaram, inventaram, re-inventaram, mas sempre mantendo a fórmula do gothic em seus álbuns por isso ajudou a explodir o Gothic Metal na Europa.
9 - O álbum "...and a crow brings me back” foi masterizado por Waldemar Sorychta. Como foi trabalhar com esse experiente produtor europeu?
Dewindson - Desde o início sempre quisemos finalizar o álbum na Europa porque sabíamos que é de lá que vem todas as bandas que nos influenciaram e que tiveram ótimos produtores para isso. Sempre o Waldemar Sorychta foi um dos melhores produtores que conheci deste estilo, em seu currículo tem álbuns do Moonspell, Lacuna Coil, Sentenced, Tiamat, The Gathering, Samael, Flowing Tears, Therion... ou seja, os melhores. Quando estávamos a procura de um produtor para masterizar o álbum lá fora, não esperávamos receber um elogio do Waldemar Sorychta sobre nossa música no Myspace, enxerguei nisso a oportunidade de masterizarmos o disco com ele na Alemanha, e ele topou na hora, nos deu uma ótima atenção e fez uma grande diferença no  resultado final. Pretendemos no próximo disco trabalhar novamente com ele, mas desta vez envolvendo-o em nosso trabalho desde o início.
 10 - Vocês trabalham em novos álbuns. Quando pretendem lança-los? Muitas mudanças em relação ao disco atual?
Camilla Raven – Já estamos trabalhando as composições novas e assim que voltarmos da tour européia, daremos inicio as gravações. Pretendíamos lançá-lo ainda esse ano, mas por causa da agenda de shows, o lançamento ficará para o primeiro semestre do ano que vem. E também ainda estamos divulgando o “...and a crow brings me back” e ainda pretendemos lançar um clipe para a música SoulMoon antes de mostrar as músicas novas. O que posso antecipar é que o álbum será mais pesado e mais variado.
11 - Pela primeira vez, a banda toca no Roça ‘n’ Roll. Qual a expectativa para o festival? Como se sentem sendo a única banda de gothic metal do cast? E o que o fã do estilo pode esperar da apresentação do Ravenland no dia 12 de junho?
Camilla Raven – A expectativa é grande até pela responsabilidade de estar representando o estilo no festival e por isso nos sentimos honrados por termos sido escolhidos e fazer parte desse grande dia.
 Dewindson – Não esperem uma cópia do Nightwish, nem Epica, somos o Ravenland do Brasil, estamos preparando um grande show para vocês com muita energia e peso, Gothic Metal da nossa maneira. Um abraço a todos sob as asas dos corvos da RAVENLAND.
 Entrevista Ravenland (por Costábile SS Jr.)                                                              24 de maio de 2010
                                                                                                
1.No inicio de carreira, vocês lançaram três trabalhos “October Of 1998”, “Live At Kalimar e “After The Sun Hides”. Como vocês analisam o surgimento da Ravenland na cena?
Dewindson - Quando a Ravenland surgiu na cena nacional, em meados de 1997, naquela época, as redes sociais da internet não estavam tão em alta quanto hoje, muitas nem existiam, orkut, myspace, facebook, twitter… Mas mesmo assim conseguimos nos destacar na cena recebendo ótimas críticas das principais revistas especializadas em rock/metal da época e muitos zines, através de cartas, vendas de demo-tapes em shows… Fizemos shows em diversas cidades do Nordeste. A cena era bem mais unida do que hoje, construímos excelentes amizades entre bandas do Brasil inteiro como Monasterium, Insanity, Expose your Hate, Pettalom, Imago Mortis, Serpent Rise…
2. O “After The Sun Hides” foi lançado em 2001, ano o qual ocorreu aquele boom de bandas com mulheres nos vocais. O quanto isso ajudou vocês? Receberam aquelas tradicionais repúdias infantis dizendo que vocês estavam querendo se aproveitar da onda para aparecer?
Dewindson - Todas as revistas comentavam na época que não havia outra banda no Brasil fazendo o que estávamos fazendo. Até hoje acredito que a Ravenland não se parece com nenhuma outra banda brasileira que eu conheça, mesmo que use violinos, vocais femininos e masculinos intercalados. Nossa música sempre esteve mais próxima do Doom Gótico europeu, não dessa febre “pós-Nightwish/Epica”, ou dessa enorme quantidade de bandas com vocais líricos. Sempre usamos backings femininos, mas ao ponto de adicionar uma vocalista para dividir os vocais comigo mesmo, só viemos a ter agora no “… and a crow brings me back” (2009), mesmo assim foi mais com a intenção de soar melhor a combinação dos dois vocais do que apelação por conta de mercado. Eu particularmente acho que nós não temos absolutamente nada haver com essa enxurrada de bandas com vocais femininos que apareceram. A Camilla tem muita atitude, ela compôs muitas músicas, escreve muitas letras e ainda toca violino, ela com certeza não é “só mais um rostinho bonitinho”, nós nunca recebemos repudias infantis até porque nós não exploramos somente a imagem dela, usamos sempre a imagem de dois vocalistas.
3. Apesar da receptividade, por que vocês deram um tempo com a banda?
Dewindson – Em 2003, realmente as coisas estavam bem difíceis, pois havíamos perdido todos os teclados já gravados em estúdio do disco devido a um problema no HD. As fitas DAT com a gravação do disco pegaram mofo. A dificuldade de achar músicos empenhados e com os mesmos objetivos profissionais após a saída de André Cardoso (guitarrista) que deixou a banda para morar no interior paulista e do Xandão (baterista) para entrar no Andralls. O dono da gravadora Moonshadow virou evangélico então ficamos sem uma gravadora para lançar o disco, no fim das contas recebi uma proposta para coordenar uma escola de informática na cidade de Fortaleza-CE, resolvi engavetar a Ravenland e me mudei para lá, morei por dois anos naquela cidade maravilhosa, foi onde conheci a Camilla.
4. “…And A Crow Brings Me Back” é um disco bem soturno. Como tem sido a recepção deste trabalho tanto no Brasil como no exterior?
Camilla Raven – A recepção está bem positiva. Recebemos mensagens com elogios do mundo inteiro e isso nos fortalece a continuar na luta aqui no Brasil. Sabemos e vivemos as dificuldades daqui e a cada mensagem que eu leio e tento responder a todos, e a cada voz que escuto nos shows cantando nossas músicas, e a cada texto que sai na mídia sobre a RavenLand, vemos que sim, está dando certo e a nossa música está sendo bem aceita.
5. Neste disco vocês contaram com a produção de Ricardo Confessori. Como aconteceu esse contato? E por que ele teve que gravar a bateria?
Camilla Raven – Através do nosso guistarrista Albanes, o Confessori ficou sabendo que estávamos atrás de um produtor, então ele se interessou e entrou em contato. Ele nos apresentou um excelente estúdio, o Tonelada, que agora é o Fusão e não conhecíamos o Confessori produtor, mas sabíamos que ele era um excelente músico e afinal era o cara que gravou um dos clássicos nacionais, o Holy Land do Angra. Ele nos mostrou os trabalhos que ele estava desenvolvendo, curtimos e fechamos. Logo depois da pré-produção, o nosso antigo baterista Rick descobriu que estava com um problema no joelho e teve de deixar a banda e Confessori disse que poderia gravar, pois já conhecia as músicas e assim poderíamos procurar o novo integrante com mais calma.
6. Ricardo Confessori é um exímio baterista. Vocês sentiram que tiveram que evoluir musicalmente ou não ocorreu este tipo de pressão?
Camilla Raven – Confessori é um excelente baterista, mas ele tem o estilo dele e quando foi gravar o nosso álbum nós repassamos a ele a bateria que queríamos no decorrer da gravação e ele colocou a interpretação dele em cima. Os músicos evoluem naturalmente, a medida que vão ensaiando, compondo e fazendo shows e sentimos que a nossa evolução foi é natural. Mas a questão do Confessori, não houve pressão, pois fazemos o que queremos transmitir, é algo mais feeling. E o nosso estilo é diferente do que o Confessori costuma tocar. Mas ele como produtor foi importante, pois nos fez abrir a cabeça para alguns detalhes que acrescentaram muito a nossas composições.
7. O disco foi masterizado por Waldemar Sorychta, profissional requisitado por grandes bandas da cena. Ficaram satisfeitos com o trabalho dele?
Camilla Raven – Sim, ficamos muito. Sabemos como a masterização é importante para a qualidade final e acredito que fizemos uma boa escolha, pois ele produziu, mixou e masterizou muitas bandas do nosso estilo.
Dewindson – Desde o início eu já estava decidido a masterizar o disco no exterior com o objetivo de adquirir um resultado ainda melhor na finalização do álbum, sempre fui muito fã de todos os discos que o Waldemar Sorychta produziu, (Lacuna Coil, Moonspell, Tiamat, Therion, Sentenced, Samael, The Gathering e Flowing Tears), não imaginava que o nosso CD fosse um dia ser finalizado por ele, mas após um elogio dele em nosso MySpace, foi a ponta que eu precisava para perguntar se ele não queria finalizar o nosso disco, e ele adorou a ideia, nos tratou muito bem e provavelmente iremos trabalhar com ele novamente no futuro, desta vez espero que possamos trabalhar desde a produção inicial até a finalização.
8. Recentemente, vocês fizeram uma participação especial na única apresentação do Moonspell no Brasil. Com certeza, vocês tiveram um enorme prazer por isso. Fale desta experiência e até da amizade que vocês tem com os portugueses.
Dewindson – Nós já tinhamos uma ótima amizade há alguns anos, mas sempre foi pela internet, quando o Fernando Ribeiro me falou que tocaria no Brasil em 2009, ele pediu para que eu falasse com o produtor para tocarmos juntos, a Ravenland e o Moonspell. Coincidentemente, a Overload Records (responsável pelo show do Moonspell) já havia entrado em contato conosco para abrir o show da Agua de Annique, mas não rolou porque estávamos gravando o videoclipe de “End of Light” e o Gustavo da Overload perguntou se toparíamos tocar com os Moonspell, eu falei para ele que seria ótimo, toparia na hora. Então inicialmente estaríamos no cast do show Ravenland/Tiamat/Moonspell, mas infelizmente, devido ser a data do último show da tour e ter caído numa terça-feira, não haveria tempo para a apresentação de três bandas, então fomos convidados, a Ravenland, a  ficar no camarim com eles e de última hora o convite a participar da música Luna e Alma Mater. Não resisti, falei pro Fernando que seria um sonho realizado para mim, ele vibrou e curtimos muito, foi fantástico. Nossa amizade como diz o Fernando Ribeiro, é como se fosse de irmãos lobos, unidos mesmo que distante pela luz e o feitiço lunar.
9. Além disso, vocês serão a banda de abertura para o Theatre of Tragedy em São Paulo. Como está a expectativa de vocês para este show sendo que a responsabilidade muito grande. Afinal está será a primeira e última vez (até o momento) que os caras vem ao Brasil.
Camilla Raven – Sim… Realmente será um imenso prazer tocar nesse show histórico. Já sabíamos há algum tempo que a banda iria encerrar carreira, mas não esperávamos que eles ainda fizessem um show no Brasil e será uma grande honra fazer parte desse dia que ficará eterno em nossa memória e história.
10. Vocês sabem se Tommy Lindal, ex-Theatre Of Tragedy, vai participar desse show?
Camilla Raven – A principio acredito que não, ele está ocupado com os projetos dele e fica complicado vir a SP. Fizemos o convite para ele tocar as duas músicas que ele gravou do nosso álbum. E quem sabe dê certo ele vir também, seria uma grande festa.
11. Como aconteceu o contato com o Tommy? Ele teve alguma participação nas composições do disco?
Camilla Raven – O contato foi através do afilhado do Dewindson que fez amizade com o Tommy no RN. Começamos a nos falar por telefone e internet e surgiu uma grande amizade. Fizemos o convite da participação e ele aceitou na hora. Ficamos muito contentes. Ele compôs somente a parte dele, o deixamos vontade para colocar o toque dele que acabou sendo um toque da era mágica do TOT, Velvet Darkness e a Rose for the Dead que acrescentou muito a nossa composição.
12. Infelizmente, o Brasil ainda não é um mercado tão propicio para as bandas de Metal. Vocês tem a intenção de buscar algo no exterior?
Camilla Raven – Sim, com certeza. Infelizmente, é até uma questão cultural. Mas recebemos muitas mensagens de fãs de outros países, até porque a nossa gravadora também distribui em alguns países como Alemanha, Espanha e EUA, por exemplo. Mas, recentemente, fechamos distribuição via Plastichead/Code7 no Reino Unido, Irlanda e Europa Continental e acredito que vamos colher bons frutos na Europa.
13. Como foi a gravação do vídeo clipe para a musica “End Of Light” no tradicional castelinho e a sua repercussão?
Dewindson – O castelinho da Rua Apa é misterioso, sombrio e apaixonante tanto pela sua arquitetura gótica francesa quanto pela sua história verídica de amor e morte, bem ao estilo Edgar Allan Poe, ele se encaixou como uma luva para o nosso vídeo clipe “End of light”. Não imaginávamos que com uma produção de baixo custo fossemos conseguir entrar na programação da MTV, graças ao ótimo trabalho do produtor Luiz Amorim e da participação da atriz Elaine Thrash, assim como de todos que participaram e nos ajudaram a realizá-lo, conseguimos isso e muito mais com este clipe.
Desde a primeira vez que passei em frente aquele castelo, eu disse; “Que belo! Que sombrio! Que história magnífica! É o lugar perfeito para gravar um clipe da Ravenland, um dia ainda irei gravar um clipe aqui”.
14. Dias atrás, o Metal perdeu Peter Steele. Vocês poderiam dimensionar o tamanho desta perda?
Camilla Raven – Foi uma grande perda. O Type influenciou bandas do mundo inteiro. Não tenho como dimensionar esta perda, só posso comentar que eu devo a ele o rumo que a nossa vida levou.
Dewindson – Sem Bloody Kisses e October Rust, acreditem, nosso direcionamento musical na Ravenland e de muitas outras bandas de gothic metal que existem hoje e ainda são grandes, não seria igual, pois Peter influenciou Nick Holmes, Ville Vallo, Fernando Ribeiro, Jirki69 e a mim, só para resumir.
A morte de Peter Steele me afetou muito, me senti muito mal, ele se foi muito novo e a história e união que a banda Type O Negative construiu, me deixa mais triste ainda pelos outros integrantes que tiveram uma vida de experiências ao lado dele. “Como devem estar se sentindo agora?” É uma pergunta que não sai da minha cabeça. O disco “October Rust”, em especial, está entre os melhores discos que já escutei e que marcou muito a minha vida.
15. Nos últimos meses, a Camilla Raven figurou na lista das novas musas do metal nacional ao lado da Dani, do Shadowside. Como vocês vêem está questão da beleza “sobressaindo” o lado musical. Vocês acreditam que a questão da beleza também acaba pesando por manter a qualidade profissional?
Dewindson – Eu acho que a beleza não se sobressai ao lado musical e nem pesando por manter a qualidade profissional, mas pode combinar e ajudar perfeitamente. A Dani e a Camilla realmente são mulheres que esbanjam muito talento, para mim isso sobressai a qualquer aspecto físico, seja feia ou bela para mim é fechar os olhos e curtir a música, mas confesso que ser casado com uma das musas do metal nacional dessa lista me deixa em ótima posição. (risos)
16. Muitas bandas nacionais que estão em destaque como Torture Squad, Claustrofobia, Shadowside, Mindflow, Hibria, Distraught e muitas outras, apesar do reconhecimento da midia, muitos internautas se aproveitam da internet para ficar falando besteiras ao invés de fazer criticas construtivas. Como vocês tem lidado com isso?
Camilla Raven – Temos que estar preparados para isso, porque, infelizmente, algumas pessoas, quando não gostam de uma banda, eles não a deixam de lado, eles vão atrás para falar mal. E se isso acontece é porque a banda está em destaque também. Críticas construtivas são bem-vindas, estamos sempre tentando melhorar e evoluir. Mas o que pode ser legal pra mim, pode ser ruim para você. Não tenho muito o que reclamar, pois acredito que a RavenLand tem uma ótima aceitação, mas, vendo o meu lado sobre as minhas composições, mesmo se ninguém gostasse, eu continuaria do mesmo jeito, pois aquilo é o que eu quero transmitir, minhas músicas sou eu musicada.
17. Como vocês avaliam o atual patamar do cenário nacional?
Dewindson – Atualmente vejo excelentes bandas surgindo a cada dia, mesmo que algumas nem cheguem a lançar um disco, ainda sim estão representando bem a cena nacional, e acredito que este lance de falar que existe somente Angra, Sepultura e Krisiun é meio que limitar e matar o resto das dezenas de bandas que temos em nosso cenário atual que representam muito bem este atual patamar da cena, como Torture Squad, Andralls, Hangar, Shadowside, Ravenland, Ocultan, Eternal Malediction, Sunseth Midnight, Ancesttral, Deventter, Kamala, Claustrofobia, Tuatha de Danann, Unearthly, Mindflow, Shaman e muitas outras, sem falar nas clássicas que continuam na ativa com grande qualidade como Korzus e Genocídio…
18. Como anda a agenda de shows da Ravenland? Vocês também estão sofrendo com esta onda de bandas internacionais e covers que estão devastando o cenário nacional?
Dewindson – Nossa agenda está até boa, poderia estar melhor, atualmente temos 12 shows marcados no Brasil, algo entre 3 no Nordeste, 2 no Centro Oeste, 5 no Sudeste e 2 no Sul, incluindo aí o show de abertura da Anneke (ex-The Gathering) com Danny (Anathema), além do festival Roça´n´Roll em Minas Gerais e o histórico  show com o Theatre of Tragedy aqui em São Paulo.
Concordo com você quando diz que esta onda de bandas internacionais e covers estão devastando o cenário nacional, pois como nossa moeda brasileira é desvalorizada e a grana é curta para a maioria do público que vai aos shows. Então eles acabam tendo que escolher entre tantos shows internacionais para ir do que o de uma banda brasileira que ele pode ver quando quiser depois.
Tocar a música dos outros é fácil, criar suas próprias composições e fazer com que o público cante junto com você as suas músicas, vibre, se emocione e ainda compre o seu CD, isso sim é o que quero ver fazerem.
19. Quais são os próximos projetos da banda?
Camilla Raven – Estamos trabalhando as composições do próximo álbum que pretendíamos lançar ainda esse ano, mas com a tour européia marcada para setembro resolvemos começar as gravações na volta e acredito que vamos lançá-lo no primeiro semestre do ano que vem. Estamos guardando gravações ao vivo e outros materiais para um futuro DVD. Pretendemos lançar o clipe de SoulMoon antes de mostrar as musicas novas. Algumas coisas tem o processo demorado até por causa da agenda de shows. Temos muitos planos e muito o que mostrar, mas cada coisa ao seu tempo. Agora estamos nos preparando para o acústico com a Anneke (ex-The Gathering) e Danny (Anathema).
20. Deixe um recado para os internautas.
Camilla Raven – Primeiramente, quero agradecer o espaço. E aos internautas, aguardem muitas novidades que estão por vir. Estamos muito satisfeitos com as músicas novas e ansiosos para mostrar. E também espero vê-los nos shows! Quero agradecer o carinho de todos que nos enviam mensagens, Obrigada!
Dewindson – Gostaria de agradecer aqui aos nossos fãs que participam da comunidade da Ravenland no orkut e não percam nosso show da “…and a crow brings me back tour 2010” em sua cidade. Um forte abraço sob as asas dos corvos da Ravenland. E sigam-nos no Twitter e Facebook.
Fonte: RockNow


 Entrevista com a banda Ravenland  (por Gui Heringer)                                                 

 Dia muito especial, de estréia do Portal Reverse Infinite, e para nossa primeira entrevista, a banda Ravenland, representada pela vocalista Camilla Raven.A partir dessa entrevista, teremos muito mais, com bandas menos conhecidas e bandas já famosas, mas lembro que todas terão o mesmo espaço para mostrar seu trabalho e suas opiniões.
 Agora vamos a entrevista, andei pesquisando algumas de suas entrevistas anteriores e decidi que essa seria diferente, para vocês e para os leitores.
01.Bem, que vocês curtem gótico é claro, todo mundo sabe, mas o que além do gótico vocês escutam?
 Camilla Raven:Todos na banda têm suas próprias influências e gostos pessoais. Eu, por exemplo, escuto de tudo com relação ao que é boa música para mim e fora o gótico 80s e Metal Gótico, gosto de Death Metal e Rock em geral, também musicais e ópera.
02. Isso influencia na composição das músicas?
 Camilla Raven: Com certeza. Para compor e tentar criar algo novo, você precisa abrir a mente e acredito que o mix de gostos pessoais de todos na banda e a nossa bagagem cultural em si influencia e muito na hora de compor.
03. E dentro do gótico? Cada um de vocês deve ter uma influencia mais forte, que na verdade é o que faz a banda ser diferente?Quais seriam essas influencias?
 Camilla Raven: Bandas como Moonspell, Type O Negative, Paradise Lost e The 69 Eyes são fortes influências para a RavenLand, mas não porque queremos fazer um som parecido, mas é o que escutamos desde sempre. Mas também escutamos de tudo e cada um tem um gosto mais especifico e acredito que isso sim, essa mistura é que nos torna, acredito, que diferente, com uma proposta musical que quem escuta sabe dizer que é simplesmente RavenLand.
04. Agora de músico para músico, como costuma ser o processo de criação de vocês?
 Camilla Raven: O processo de criação depende muito. Eu, por exemplo, às vezes escrevo a letra e começo a compor em cima, e às vezes surge uma melodia, que geralmente é refrão, e começo a compor a música e escrevo uma letra que mais se encaixa com o que a melodia também transmite. Mostro para a banda e trabalhamos juntos os arranjos.
05. No meu caso, eu adoro ficar no meu quarto escrevendo músicas e gravando, tenho até um pequeno estúdio, algum de vocês faz isso?Gosta de gravar as músicas demos e sabe lidar com equipamentos e software de produção musical?
 Camilla Raven: Sim. Para as melodias que surgem sempre gravamos para não deixar a ideia perdida. E depois, quando terminamos de compor toda a música, guitarra e voz com o nosso equipamento em casa e montamos todo o resto no computador para trabalharmos em cima. E todos opinam e melhoram suas partes.
06. E a formação dos membros da banda? Tem algum autodidata? Algum de vocês fez faculdade? Dão cursos?
Camilla Raven: O João Cruz, nosso baixista, é formado em Regência e Composição e ministra aulas de baixo, piano e canto e rege uma orquestra. Dewindson, o outro vocal, era tenor do coral da UERN e estudou teoria e canto em conservatório por dois anos. Albanes e Fernando Tropz são professores dos seus respectivos instrumentos, guitarra e bateria. Eu estudo canto com um preparador vocal de musicais e toquei violino na orquestra do SESI de Fortaleza, onde tive aulas com o maestro Vasken Fermanian.
07. Vi em umas de suas entrevistas que já cobraram da banda para abrir shows de bandas gringas, eu particularmente acho isso ridículo e ruim para o rock, banda é banda, quem paga são os contratantes e não os contratados,qual a opinião de vocês sobre isso?
Camilla Raven: Isso acontece, é fato, e não só no meio metal. É triste ver uma maior valorização do que vem de fora também. Temos muitas bandas boas aqui no Brasil. Muita gente não sabe que a banda que está ali abrindo o show de uma grande banda internacional, na maioria das vezes, não está ali por merecer e sim, por ter pago o jabá. Esse tipo de banda, em minha opinião, não merece ser valorizada mesmo, pois ela ainda prejudica a cena e as bandas que estão na luta para conseguir espaço por merecimento. Dizer “não” ao jabá é lutar por respeito. Temos muitas bandas aqui que não devem nada para as bandas internacionais e que poderiam ser maiores, se valorizadas, e o Brasil seria até mais visto e respeitado no meio metal, além de abrir portas para a nossa cena, mas, infelizmente, não é assim. A RavenLand irá fazer duas aberturas no mês de junho, para a Anneke (ex-The Gathering) e Danny (Anathema) em um pocket show e para o Theatre of Tragedy, os dois a convite que aceitamos com muito gosto e nos sentimos honrados, pois vimos o quanto o nosso esforço e trabalho para mostrar algo de qualidade nos deu bons frutos, sem ter que nos submeter a jabá.
 08. Lendo algumas de suas outras entrevistas fiquei confuso com o local de onde vocês são, afinal, vocês são de fortaleza? Ou só a Camilla?
 Camilla Raven: (risos) Eu sou de Fortaleza/CE, Dewindson é de Brasília, Fernando Tropz e Albanes são de São Paulo, João Cruz é do Rio de Janeiro e Fermann é de Minas Gerais. Dewindson morou muito tempo no RN e dois anos em Fortaleza onde nos conhecemos e viemos para SP para dar continuidade à banda.
09. Julgando por oportunidades, São Paulo realmente é uma das melhores cidades para ser ter uma banda, certo? Por quê?
 Camilla Raven: Acredito que por ser um grande centro, tudo acontece aqui. Não sei como estaria a RavenLand se não tivéssemos vindo para cá. Os maiores shows acontecem aqui, as maiores gravadoras são daqui, as grandes revistas especializadas são daqui, não é a toa que o Sepultura se mudou para cá quando decidiu ter uma carreira mais profissional.
10. Agora uma pergunta mais direcionada ao álbum, por qual motivo a música "End of Light" foi escolhida para o clipe?
Camilla Raven: End of Light é uma música mais direta, mais reta, até de fácil assimilação. E aqui no Brasil teve uma repercussão muito boa, mesmo a nossa música de trabalho sendo a “SoulMoon”. A letra, as ambientações, o clima combinava perfeitamente com o castelinho onde gravamos, apostamos na simplicidade e não é a toa que a “End of light” entrou para a programação da MTV Brasil e continua sendo exibida há um ano desde sua estreia.
11. E o presente, como anda? Como estão os shows, as vendas e a repercussão do CD?
Camilla Raven: A repercussão do CD foi muito positiva, tanto por parte de publico como de mídia. Também estamos com uma agenda boa que até está adiando as gravações do segundo álbum. Estamos com as composições do segundo álbum praticamente prontas, pretendemos entrar em estúdio assim que voltarmos da tour europeia de setembro.
12. Para terminar, quais são os planos para o futuro? Alguma surpresa?
Camilla Raven: Muitas surpresas, estamos muito contentes e satisfeitos com as novas músicas e ansiosos para mostrar. Mas estamos ainda divulgando o “...and a crow brings me back”. O que posso adiantar é que estamos desenvolvendo um trabalho envolvendo amizade, música, literatura, cultura. Que pode contar com nomes de peso em participações nos nossos próximos álbuns. Pretendemos lançar um outro clipe logo. E há surpresas que vamos abrir no momento certo, é só acompanhar a nossa trajetória. (risos)
13. Deixem uma dica para quem está começando agora, afinal, vocês são de uma banda que estão conseguindo fazer sucesso com Rock'n roll de verdade no Brasil.
 Camilla Raven: Acho que o primordial é acreditar no próprio trabalho, acreditar em si mesmo. Apresentar as músicas e correr atrás do que se quer. Não é fácil, principalmente por uma questão cultural do nosso país, mas é só ter garra e trabalhar muito para conquistar os objetivos.
14. Muito Obrigado pela entrevista, espero que vocês e os leitores gostem, e obrigado por serem a primeira entrevista do Portal Reverse Infinite!
Camilla Raven: Nós é que agradecemos o espaço! Desejamos muito sucesso ao Portal! E para os leitores, espero que tenham curtido a entrevista.
Fonte:Reverse Infinte


Entrevista Ravenland (por RockPost)
A  Rock Post entrevistou a banda RAVENLAND, formada no fim de 1997 por Dewindson Wolfheart influeciado pelo poema de Edgar Alan Poe (The Raven), por James O´Bar no filme (o Corvo) e por bandas de Dark Rock & Doom Metal Gótico europeu dos anos 80/90.
Baseado na temática de que o corvo seria o único ser capaz de transitar entre os dois mundos, o dos mortos e o dos vivos, foi escolhido assim o nome da banda, que em suas músicas além de abordar temas de vida e morte, a sonoridade contida mesclaria o peso e a energia do metal com toda essa atmosfera gótica.
A banda que vem ganhando a cada dia um maior destaque no cenário nacional, lançou sua primeira demo-tape “October of ...” em 1998 qual obteve bastante repercussão no underground e foi bem elogiada pelo público e mídia especializada. Com isso, a banda logo recebeu um convite do selo Moonshadow para o lançamento do seu Debut álbum “After the sun hides”(2001) contendo 10 músicas e que seria distribuído em mais de 25 países. Infelizmente por motivos religiosos o selo veio a fechar antes mesmo de lançar o de¬but álbum da banda. Apesar de outras propostas para lançar, Dewindson preferiu en-gavetar o disco. Após outros fatos, saída de integrantes e uma pausa de três anos, em 2006, Dewindson conhece Camilla Raven que o convence a reativar a RAVENLAND, juntos trazem uma banda com nova forma¬ção, e lançam um novo EP. Em constante ascensão, a banda lança este ano o álbum intitu¬lado “...And a Crow Brings Me Back” produzido por Ricardo Confes¬sori. Confira o bate-papo com Dewindson e Camilla Raven.

01. Como surgiu a ideia do nome RAVENLAND? Explique um pouco sobre o corvo como símbolo gótico.
Dewindson - A RAVENLAND surgiu a partir do momento que resolvi unir a energia e o peso do metal com uma atmosfera sombria da música gótica influenciado pelo conto de Edgar Alan Poe “The Raven”, o filme “O Corvo” e toda a lenda mística que ronda esta bela ave negra. Isto me influenciou bastante, e o nome veio quando conheci a música “Raven land” da banda sueca LAKE OF TEARS, onde a letra e a sonoridade trans¬mitiam tudo que eu queria para nossa música.
Acredito que o corvo seja o elemento da natureza que mais transmite uma sombriedade, uma melanco¬lia, é uma ave mística, lendária, não é a toa que quase todo filme de terror ou suspense tem que ter um corvo para ilustrar o cenário, por isso ele pode ser um símbolo vivo do goticismo.

02. Sabemos que todo começo para uma banda não é fácil, os obstáculos são os mais diversos possíveis. Como foi para vocês o início de tudo isso, principalmente quando decidiram gravar a demo-tape “OCTOBER OF 1998”?
Dewindson - A RAVENLAND enfrentou muitos obstáculos realmente, mas tivemos muitas vitórias, uma delas foi ter que transformar a minha ex-casa em um estúdio naquela época para podermos gravar a nossa primeira demo, na cara dura, sem produtor, só um técnico de som, éramos, eu, Xandão, André Cardoso e o Clécio Christian na produção, na raça, mas em seguida tivemos como resultado ótimas críticas com a demo “October of 1998” em grandes revistas e zines, além dela ter nos ajudado a encontrar uma gravadora (Moon¬shadow) disposta a lançar um disco nosso.
Infelizmente outro grande obstáculo foram as alterações na formação, pois o André Cardoso teve que se mudar para o interior de São Paulo com a sua família e depois de um ano, o Xandão nos deixou para integrar a banda ANDRALLS, logo após estas alterações tivemos o problema do fechamento do selo Moonshadow que iria lançar o nosso primeiro disco já todo gravado faltando apenas mixar e masterizar.
Foram muitas as dificuldades e ainda existem muitas, mesmo a banda estando hoje em outro patamar, uma delas é a prova viva, o nosso disco foi um parto para concluirmos (risos), graças a FREEMIND, nossa gravadora atual o disco sairá até o fim deste semestre.
03.  Como foi a produção do álbum “...And a Crow Brings me Back” pelas mãos de Ricardo Confessori (ANGRA/SHAMAN)? Vocês tiveram o resultado que esperavam?
Dewindson - Olha, sinceramente, foi um resultado acima da mé¬dia pra mim, só achei que faltaram alguns vocais guturais e rasga¬dos que eu até cheguei a gravar, mas ele achou que não combinava com o nosso som e não os incluiu (risos). A produção está ex¬celente, a meu ver, por ser o nosso debut álbum, bem, não poderia estar melhor.
Camilla Raven - Também considero que a produção foi excelente, abrimos a mente para muitas coisas novas. Além disso, o Confes¬sori foi muito legal conosco, principalmente a partir do momento em que o Rick Barrocks (baterista da banda na época) teve que deixar a RAVENLAND logo após a pré-produção do disco devido a um problema no joelho. Então o Ricardo Confessori se ofereceu para gravar a bateria do nosso disco inteiro e falou para que ficás¬semos tranquilos, que isso nos daria tempo depois para encontrar um outro baterista.
04. Em entrevistas já concedidas anteriormente a outros sites, Dewindson alegou que as influên¬cias não vêm apenas de bandas ou músicos, mas também de livros, filmes, poesia gótica entre outros. Vocês acham que há um enriquecimento nas músicas maior do que o esperado devido estas influências? Falem um pouco sobre as influências da banda.
Dewindson – Acredito que sempre que você lê um livro, assiste a um filme, você passa a ver algo de forma diferente, um tema por outra ótica, e isso ajuda a você não usar somente a sua forma de ver ou entender as coisas, daí acredito que isso ajude bastante a enriquecer sim a parte lírica da banda.
Camilla Raven – As nossas influências circundam em torno de uma bagagem cultural adquirida no decorrer da vida. Deixamos que poemas, livros, filmes nos influenciem ou nos inspirem, mas sempre apostando em novas ideias, novas formas, para manter a nossa identidade própria. Algo que buscamos sempre no nosso trabalho com a RavenLand é transmitir uma personalidade própria, mas o que curtimos, o que lemos, forma o que somos e a nossa visão de tudo.
Dewindson – Sobre as minhas influências, vem de bandas de metal em geral, doom, gothic, black metal e do gothic rock oitentista, Cure, Smiths, Sisters of Mercy, Depeche Mode...além de livros como de Edgar Alan Poe, Álvares de Azevedo, Cruz e Souza...sobre filmes, suspense e histórias verídicas.
Camilla Raven – Apesar de muitos sons que curtimos, entre outras coisas, serem parecidos, cada um na banda tem um gosto mais pessoal a parte, e acredi¬to que isso ajudou a enriquecer o nosso som e a criar uma personalidade. Algo que possam escutar e dizer “é RavenLand”. Além de tudo que Dewindson citou, gosto muito de musicais como “Sweeney Todd”, Fastasma da Ópera”, entre outras músicas que uso para estudar canto.
05. Por existirem inúmeras bandas boas espalhadas pelo mundo, hoje para alcançar um lugar na mídia é necessário ter um diferencial. Na opinião de vocês qual o principal diferencial que a RAVENLAND apresenta?
Camilla Raven – Nós não deixamos que uma banda nos influencie a ponto de ser uma cópia. Tanto que eu quis chocar um pouco nesse primeiro disco oficial, usando uma voz mais incomum, mais grave, apesar de ter umas partes altas, mas sempre no estilo mais dramático, o que passa a sensação de ser mais grave do que é, além de poder mostrar mais força na voz, potência.
Dewindson – O nosso som apesar de estar enquadrado em um estilo comum como o Gothic Metal, fazemos algo diferente, os vocais da Camilla não são líricos, apesar dela saber cantar neste estilo também, e de outras formas, mas ela não faz uso deste tipo de canto na RAVENLAND, os meus vocais são limpos e graves, não são guturais na maioria do tempo, tem o violino também que é um instrumento exótico, a nossa música é mais simples e direta, não tem tanto virtuosismo, apesar do João Cruz (baixista) está se formando em regência e composição, e o Albanes ser um grande guitarrista assim como o Fernando Tropz que toca bateria há mais de 10 anos e é professor de bateria, mas em nossa música o som é simples e direto.
Bem, além disto, procuramos sempre manter uma postura bem profissional na banda, mesmo sem termos muitos recursos escolhemos trabalhar com pessoas de grande gabarito e respeito na cena metal, como o Ricardo Confessori, o Waldemar Sorychta (produtor europeu), o Tommy Lindal (ex-THEATRE OF TRAG¬EDY) e o Gustavo Sazes (responsável pela arte da capa do CD).
 06. Desde 1997, quando se iniciaram os trabalhos da banda, até hoje, passado 12 anos, como vocês resumiriam a trajetória da RAVENLAND?
Dewindson - Olha, eu diria que com perseverança e trabalho conseguimos uma ótima posição na cena metal nacional, mas ainda é muito cedo e estamos escrevendo ainda a nossa história no metal nacional, tem muita estrada por vir.
Eu costumo contar e avaliar não desde 1997/1998, mas desde 2006 quando voltamos a cena com tudo e estabilizamos a formação, pois com exceção do Fernando Tropesso, o res¬to da banda está comigo desde 2006, quando eu e a Camilla nos radicamos em São Paulo para investir 100% na RAVEN¬LAND, e até então formamos um grande time com muita força e o mesmo objetivo.
07. O mais novo trabalho de vocês “...And a Crow Brings me Back”, está sendo lançado pela gra¬vadora FREE MIND, com quem vocês assinaram contrato no ano passado. Como está sendo esta parceria para a banda?
Camilla Raven – Foi um grande ponto positivo na nossa história. A gravadora acredita no nosso som, nos apóia e há uma grande relação de confiança, além dos laços de amizade que só crescem.
Dewindson – O Rodrigo, proprietário da FREEMIND, é um excelente empresário que está investindo muito no metal nacional. Temos um ótimo relacionamento com ele e espero podermos ver esta gravadora como a maior do Brasil um dia, pois eles trabalham muito e de forma honesta. Atualmente, além de distribuir para lojas especializadas em metal de todo o Brasil, a FREEMIND tem uma distribuição também na Alemanha e nos Estados Unidos.
08. Vocês fizeram um show de pré-estreia do álbum em Uberaba (MG), como foi a receptividade do público?
Dewindson – Eu diria que este foi um dos nossos melhores shows em se tratando de energia do público, eles foram fantásticos e muitos já conheciam nossas músicas do Myspace e agitaram elouquecidamente. Foi muito legal tocar em Uberaba, retornare¬mos em breve para outro show, os produtores do evento adoraram o show, assim como o público, inclusive a segunda prensagem do nosso EP back acabou nesse show. O público foi fenomenal conosco, gostaríamos de mandar um forte abraço a todos os nossos fãs e amigos de Uberaba.
Camilla Raven – Realmente, também considero o nosso melhor show. Foi muito enérgico, o público agitou muito, inesquecível.
09. Além do lançamento do álbum “...And a Crow Brings me Back”, quais são os projetos para 2009? Há al¬guma turnê já definida?
Dewindson – Estamos preparando uma ótima produção de palco e ensaiando para podermos reproduzir ao vivo toda a música e atmosfera contida no disco, provavelmente assim que o CD for lançado iremos trabalhar uma divulgação em massa na mídia junto com a gravadora e nossa acessória de imprensa para podermos agendar no segundo semestre uma grande turnê que possa passar em muitos estados do Brasil.
Camilla Raven – Inclusive, uma grande banda gringa que estará excursionando pela América do Sul no final do ano, já nos contatou para tentarmos fechar os shows com eles e assim fazermos várias datas pelo Brasil, Bolívia, Chile, Argentina e Peru, no momento está em negociação, assim que estiver confirmado divulgaremos na mídia.
 10. Agradecemos a oportunidade de entrevistar vocês e a equipe Rock Post deseja sucesso para a RAVENLAND. Deixem recado para os fãs da banda e nossos leitores.
Camilla Raven – Obrigada a todos que estão acompanhando a nossa trajetória e nos apoiando. Todo o apoio nos fortalece e é muito necessário para continuarmos na luta pelo metal no Brasil.
Dewindson – Gostaria de agradecer a vocês em nome da RAVENLAND pelo espaço e apoio as bandas nacio¬nais. Para os fãs, adquiram o nosso CD “...and a crow brings me back” e confiram o nosso show, a energia e peso da nossa música ao vivo.
Camilla Raven – Confiram o nosso vídeo-clipe oficial da música “End of Light” no nosso canal no Youtube: www.youtube.com/ravenlandchannel. Para shows podem entrar em contato pelo email: manager@ravenland.net . Obrigada pelo apoio e um grande abraço sob as asas dos corvos da RAVENLAND.
Fonte: RockPost